Análise: Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 2 (Harry Potter and the deathly hallows – Part 2) (2011)

E o que vem depois?

É difícil avaliar um filme de um jeito crítico, quando esse filme tem tamanho apelo emocional. Quando o filme acabou, a ficha ainda não tinha caído sobre várias coisas: Sobre como o diretor David Yates se superou, sobre a questão desse ser o último filme da franquia de uma geração inteira, e sobre como esse filme conseguiu igualar as expectativas de nós, fãs, que acompanhamos lealmente Harry até o fim, mesmo até depois de sua “morte”. Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 2 é do caralho!

Primeiro, porque como esse é o fim e todo mundo sabe disso, o maior acerto foi ceder a explicações desnecessárias e aderir a porrada, não a porradaria meia-boca do final de A ordem da fênix: Porradaria pesada, cenas de ação DE VERDADE, envolvendo tudo que é possível fazer em termos de ação no mundo de magia e bruxaria criado por J.K. Rowling! Combates, sangue e feitiços voando para todos os lados, era isso que todos nós queríamos ver! O filme inteiro é um grande clímax, e admite isso desde o começo, quando o trio Harry, Rony e Hermione assaltam o banco Gringotes em uma cena de ação no mínimo empolgante – algo raro para a saga. Segundo, como já foi dito, o filme segue com muita lealdade o livro, com diálogos retirados das páginas do material original – aliás, esse último contém os melhores diálogos escritos pelo roteirista da série, Steven Kloves. Esse tipo de lealdade inteligente é o que diferencia esse filme dos outros da saga, e de outras adaptações que, de tão fiéis, ficaram ruins, como Watchmen, por exemplo.

Eu devo ser franco: O filme tem, sim, problemas de ritmo e altos e baixos, como a própria “morte” de Harry Potter (Quando Voldemort gritou AVADA KEDAVRA o cinema inteiro gargalhou, e é claro que não era pra isso acontecer, afinal é um momento trágico!). E daí que tem cenas completamente dispensáveis? E daí que As relíquias da morte poderia ser apenas UM longo filme? Todas as cenas mais bombásticas do livro foram muito bem traduzidas como cinema, cinema blockbuster, é claro! Nunca um Harry Potter fez rir, entreter, prender a atenção e chorar quanto esse, nunca teve tamanha qualidade em efeitos visuais, sonoros e de cenários quanto esse – o filme TEM que ganhar algum Oscar pela excelência técnica, ou vai ser marmelada das grandes! Ver a escola de Hogwarts completamente destruída, em pedaços e completamente sitiada me fez lembrar do castelo do abismo de Helm, em O senhor dos anéis- As duas torres. O clima épico presente na saga do anel também dá o tom durante todo o último filme do menino-que-sobreviveu.

Mas o ponto forte do filme é outro: As atuações acima da média, usando sabiamente todos as dezenas e dezenas de personagens! Impossível para nós, fãs, nos contermos quando Molly Weasley mata a grande vilã da história, quando Neville Longbottom, o tolo maravilha, decepa a cabeça do animal mais perigoso do filme, ou quando a professa Minerva duela com Snape, ou quando Rony e Hermione... Ok, me empolguei um pouco, spoilers demais! Mas as atuações daquelas criancinhas tão fofinhas de A pedra filosofal estão nada menos do que irreparáveis! Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson e outros fecharam com chave de ouro essa octologia cinematográfica, totalmente absorvidos por seus personagens icônicos. E Lord Voldemort, FINALMENTE, consegue nos colocar medo de verdade, com seus pés descalços sujos de sangue inocente, como um vilão que não sabe o que é amor ou amizade, mas apenas glória e poder.

Bem, resumindo toda a ópera: Não há O melhor filme ou O pior filme de Harry Potter, essa pergunta é cretina: Todos têm o espírito da saga, todos são significativos, acima de qualquer visão crítica de qualquer crítico de cinema. Porque as histórias de Harry Potter não se restringem à simples telas de cinema, páginas de livros ou tantos outros produtos: Se restringem no coração de cada fã, que tem o orgulho de dizer isso. É ISSO o que vem depois, pra sempre!

NOTA CRÍTICA: 8.

NOTA DE FÃ: 10.