Sinceramente, parece que foi há pouco tempo que as apostas para A rede social ganhar os prêmios máximos da noite pipocavam pelas redes sociais (RÁ), quando o conservadorismo ganhou novamente e o fraco O discurso do rei foi o vencedor. Pois bem, isso já é história, e daqui a um ano a vitória certeira de O artista também vai ser. Um filme que não evidencia o poder da imagem, apenas o estranhamento pela polêmica falta de som, uma pena, é claro... Mesmo assim, apesar dos prós e contras, é um filme (superestimado) que precisa sim existir, e faz bonito no circuito atual. Se perder, certamente será para o mágico Hugo, de Martin Scorsese, um filmaço, de 3D e funções artísticas impecáveis, e que usa de temas e situações que transcendem a sensibilidade apelativa que o visual minimalista poderia passar ao interlocutor. Os prêmios de direção também ficarão entre Michel Hazanavicius e Scorsese, com leve preferência ao primeiro se o histórico do prêmio valer alguma coisa - e com certeza, valerá.
2011 foi um ano onde o cinemão americano ficou sem fôlego, e para isso, as produções apelaram para a segurança do passado da sétima arte, com as já citadas obras e Meia-noite em Paris. Este muito provavelmente renderá o terceiro Oscar de roteiro original para o veterano Woody Allen, mas quem merecia de um jeito supremo era o iraniano A separação, certeiro vencedor de Melhor Filme Estrangeiro. Clássico moderno sobre as limitações culturais de um povo, em uma espiral de tensão psicológica proporcionada pelo ótimo roteiro, até um final surpreendente e dualístico como todo o resto. O mundo do cinema se rendeu a esse filme, e com toda a razão!
Nas atuações, como é de praxe, tudo parece previsível até uma segunda ordem. Por atriz , Meryl Streep, inadjetivável em A dama de ferro e por atriz coadjuvante, Octavia Spencer, dinâmica e contida em Histórias Cruzadas. Ambas parecem ter 101% de certeza de levar o pequeno careca dourado para casa em suas respectivas categorias, enquanto Jean Dujardin (O artista) ou George Clooney (Os descendentes) disputam a vaga para Ator, quando Gary Oldman deveria receber o prêmio por sua atuação icônica e mais do que impecável em O espião que sabia demais. Alguns dizem que esse é um clássico moderno, outros dizem que é só um filme de Oscar, chato e confuso: Eu concordo com as duas opiniões. Extremamente bem escrito e o maior merecedor do Oscar de Roteiro Adaptado, O espião que sabia demais já pode ser considerado cult por excelência. Entretanto, O homem que mudou o jogo e o já citado Os descendentes são os queridinhos do Oscar 2012, e quanto a isso, não há muito (nada) o que se fazer.
Christopher Plummer, no alto dos seus 82 anos já pode começar a escrever seu discurso na noite deste domingo, nada nem ninguém lhe tira o prêmio de ator coadjuvante pelo filme de atuações Toda forma de amor. Realmente, sua performance como um idoso homossexual no término da vida é típica de um ator em total controle do seu trabalho. Outro fato imutável: Melhor animação para Rango, principalmente agora em que As aventuras de Tintim não está concorrendo na categoria, apenas em Trilha sonora, afinal foi realizada pelo mestre John Willians, mas deve amargar a derrota. Falando nas categorias técnicas...
Aviso: É bem provável que Harry Potter e as relíquias da morte - Parte 2 saia da festa de mãos abanando, assim como sempre saiu. Isso porque o filme Hugo contém uma parte técnica bastante superior ao último filme do bruxo britânico, e é capaz que não só abocanhe Melhor direção de arte em vez do castelo de Hogwarts, mas Melhor som, edição de som e figurino (prêmios merecidos, à propósito). A trilha sonora deve ser uma coadjuvante no filme, elemento indispensável ou no mínimo complementar, e há apenas dois exemplares primorosos nesta edição do Oscar: As trilhas do filme de Scorsese e da outra homenagem ao cinema, O artista (este último no qual o prêmio deve realmente ficar). Resta para os fãs de Harry Potter torcer quanto a uma vitória em Melhor maquiagem, pois Efeitos visuais é e deve ser de Planeta dos macacos - A origem, e exceto por uns robôs gigantes anárquicos, ninguém tasca.
Esse vai ser o 84° Oscar, mais do mesmo, mas com a mesma habilidade, às vezes duvidável, de saber peneirar os melhores títulos para a entrega dos prêmios. O que não se pode duvidar MESMO é Melhor fotografia para a fotografia sobrenatural e espantosa de A árvore da vida, e se isso não acontecer, eu desisto!
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