Eis o legado moderno de Ben-Hur, o primeiro e mais ambicioso
épico histórico já feito. Se as
histórias criadas por Tolkien são de um mundo fictício, isso não interfere na
possibilidade de transferir os elementos do antigo filme de William Wyler para outro épico dos anos 2000. Se isso
não bastasse, foram incorporados no mesmo produto os adventos que fizeram de O
retorno do rei o melhor livro da trilogia, e “coincidentemente”, o mais realista
em sua estética fantasiosa e inesquecível representante do período mais
conturbado da história da Terra-média.
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Frodo, Sam e Gollum partem incansáveis até a montanha da
perdição, onde o Um anel foi forjado e, portanto será destruído custe o preço
que custar. A eles foi dada a tarefa, e a responsabilidade não pode ser
desfeita dentro de seus grandes corações do Condado (Uma clara metáfora sobre a
inocência e o forte engajamento social das classes mais “baixas” de uma
sociedade), tal qual a de Peter Jackson de superar qualquer expectativa quase
uma década atrás (Este texto ainda é escrito em 2012) com uma expansão de todos
os valores antes apresentados dentro de um dos grandes filmes de 2003, glorioso
e prolífico até hoje em seu impacto, sua qualidade técnica e em sua precisa
adaptação de quase três horas e meia sem deixar, popularmente falando, “a
peteca cair por um segundo”, em um ritmo incansável devido a magistral edição
que desbancou Cidade de Deus nessa mesma categoria no Oscar 2004. Foram onze
prêmios, mais de um bilhão nas bilheterias mundiais e o atestado absoluto que o
cinema pode contar qualquer história, por maior e mais abrangente que ela possa
ter sido imaginada uma vez.
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The Lord of the Rings – The Return of the King encontra-se
geralmente nas listas de melhores da década, e é uma dessas obras que só
melhora enquanto o tempo passa, não apenas em sua influência, mas na certeza do
seu status de Clássico feito para o exato momento em que o cinema como
indústria precisava dele, sendo que nada é à frente do seu tempo, “tudo chega
exatamente quando tem de chegar”, como diria Gandalf no começo de A sociedade
do Anel. Assim sendo, olhando para trás, a impressão que dá é que o atestado
filmado entre as décadas de 90 e 2000 é um dos melhores que uma trilogia
poderia deter, coerente do começo ao fim, cada capítulo com suas
peculiaridades, um completando o outro. Uma sobriedade tripla e uma fidelidade geral extremamente bem
traduzida – e produzida – na tela, totalizando 558 minutos e uma preciosidade
cinematográfica tão grande que seria incapaz de ser condensada dentro de um
simples anel.
Nota: 9.
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