quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

A rede social (THE SOCIAL NETWORK) (2010)




Vamos combinar uma coisa: Ser bilionário e ter 21 anos não deve ser fácil, e não é! Mark Zuckerberg sabe disso, e o filme prova com êxito essa triste teoria. David Fincher, diretor de Clube da luta, Se7en e o magistral O curioso caso de Benjamin Button faz um filme á moda antiga, onde saem os grandes efeitos especiais do seu último filme, porque não, e prefere as técnicas de filmagens normais com diálogos afiados, cortesia do experiente roteirista Aaron Sorkin, um dos melhores arquitetos de diálogos de Hollywood! Isso é provado nos primeiros dez minutos, com Jesse Eisenberg falando sem parar enquanto sua namorada certinha diz que namorar com um nerd ao estilo de Zukembherg é como namorar uma máquina fria, sem sentimentos. Pronto! O espectador já está comprado! Basta apreciar agora um filme esperto, um dos melhores filmes de 2010...


Dizer que um filme sobre os bastidores da criação do site Facebook tinha tudo pra ser uma chatice e uma pieguice sem tamanho não é novidade, mas é uma surpresa que seja o contrário, isso sim! Poderia ser uma grande palestra sobre o mundo virtual, ou apenas um filme sobre nerds geniais cheios de clichês, mas esqueça tudo isso. A rede social rivaliza, em 2010, com A origem em termos de ótima narrativa, elenco em sintonia e química perfeita, e complexidade. Há muitas ironias interessantes, uma delas é o paradoxo em criar uma rede para fazer amigos e ser processado por isso justo pelo seu melhor amigo. Afinal, roubar uma idéia bilionária não poderia sair de graça pra quem a roubou, não é? Um preço precisa ser pago, seja no pessoal ou no judiciário. Durante o filme, os personagens vão se tornando menos humanos, virando protótipos do que eles pareciam e fingiam ser no começo do filme, mas na verdade não passavam de ambiciosos alunos de Harvard e empresários mimados que tentam passar a perna um do outro, para alcançarem seus objetivos de ouro.

Há muita coisa repensada sobre a verdadeira história do Facebook, para deixar o filme mais legal e para evitar maiores polêmicas, claro! E funciona, mas é só se aprofundar na verdadeira história que dá pra sentir um sentimento de falta nos fatos adaptados ao cinema. Em resumo, o filme é um trato da geração atual, que passa mais tempo falando com amigos virtuais pelo MSN, enviando e-mails fúteis e disponibilizando fotos via Ipad, até cultivando fazendas na web, do que trocar meia dúzia de palavras com a família, sobre como foi seu dia, por exemplo. O longa acerta em não julgar os personagens, apenas expondo suas características erradas pra uns, e certas pra outros. Mas eu me pergunto: E se eu estivesse na pele de Zuckerberg, eu faria o mesmo?























A nítida e pessimista mensagem em A rede social é: Não se pode confiar em ninguém 100%. Seja no velho mundo real, ou no novo mundo chamado internet. David fincher e Aaron Sorkin sabem disso, talvez aprenderam na pele na Hollywood cruel de sempre, e colocam isso imprimido na tela como um verdadeiro retrato da nova geração. Uma geração que não entende por que sair na rua e protestar por direitos iguais, se você pode protestar via Twitter ou com uma página no Facebook! Nós, uma geração vítima de um mundo globalizado. Filmaço!

NOTA: 10/10

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