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Vamos combinar uma coisa: Ser bilionário e ter 21 anos não deve ser fácil, e não é! Mark Zuckerberg sabe disso, e o filme prova com êxito essa triste teoria. David Fincher, diretor de Clube da luta, Se7en e o magistral O curioso caso de Benjamin Button faz um filme á moda antiga, onde saem os grandes efeitos especiais do seu último filme, porque não, e prefere as técnicas de filmagens normais com diálogos afiados, cortesia do experiente roteirista Aaron Sorkin, um dos melhores arquitetos de diálogos de Hollywood! Isso é provado nos primeiros dez minutos, com Jesse Eisenberg falando sem parar enquanto sua namorada certinha diz que namorar com um nerd ao estilo de Zukembherg é como namorar uma máquina fria, sem sentimentos. Pronto! O espectador já está comprado! Basta apreciar agora um filme esperto, um dos melhores filmes de 2010...
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Dizer que um filme sobre os bastidores da criação do site Facebook tinha tudo pra ser uma chatice e uma pieguice sem tamanho não é novidade, mas é uma surpresa que seja o contrário, isso sim! Poderia ser uma grande palestra sobre o mundo virtual, ou apenas um filme sobre nerds geniais cheios de clichês, mas esqueça tudo isso. A rede social rivaliza, em 2010, com A origem em termos de ótima narrativa, elenco em sintonia e química perfeita, e complexidade. Há muitas ironias interessantes, uma delas é o paradoxo em criar uma rede para fazer amigos e ser processado por isso justo pelo seu melhor amigo. Afinal, roubar uma idéia bilionária não poderia sair de graça pra quem a roubou, não é? Um preço precisa ser pago, seja no pessoal ou no judiciário. Durante o filme, os personagens vão se tornando menos humanos, virando protótipos do que eles pareciam e fingiam ser no começo do filme, mas na verdade não passavam de ambiciosos alunos de Harvard e empresários mimados que tentam passar a perna um do outro, para alcançarem seus objetivos de ouro.
Há muita coisa repensada sobre a verdadeira história do Facebook, para deixar o filme mais legal e para evitar maiores polêmicas, claro! E funciona, mas é só se aprofundar na verdadeira história que dá pra sentir um sentimento de falta nos fatos adaptados ao cinema. Em resumo, o filme é um trato da geração atual, que passa mais tempo falando com amigos virtuais pelo MSN, enviando e-mails fúteis e disponibilizando fotos via Ipad, até cultivando fazendas na web, do que trocar meia dúzia de palavras com a família, sobre como foi seu dia, por exemplo. O longa acerta em não julgar os personagens, apenas expondo suas características erradas pra uns, e certas pra outros. Mas eu me pergunto: E se eu estivesse na pele de Zuckerberg, eu faria o mesmo?
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A nítida e pessimista mensagem em A rede social é: Não se pode confiar em ninguém 100%. Seja no velho mundo real, ou no novo mundo chamado internet. David fincher e Aaron Sorkin sabem disso, talvez aprenderam na pele na Hollywood cruel de sempre, e colocam isso imprimido na tela como um verdadeiro retrato da nova geração. Uma geração que não entende por que sair na rua e protestar por direitos iguais, se você pode protestar via Twitter ou com uma página no Facebook! Nós, uma geração vítima de um mundo globalizado. Filmaço!
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NOTA: 10/10
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