quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Minhas mães e meu pai (THE KIDS ARE ALL RIGHT) (2010)



É indiscutível. Relacionamentos gays hoje em dia são tão presentes quanto o petróleo no Golfo do México. Temas complexos, discussões mais ainda. Hoje e após o 12 de dezembro de 2012, num futuro mais sólido, haverá histórias épicas com temáticas “gays” que surgirão em todas as mídias, e Minhas mães e meu pai já poderia ser uma dessas. Poderia, exato. Poderia muitas coisas! Poderia ser grande, poderia ser épico e marcar uma geração indefinida devido ao processo, presente, de troca de princípios da sociedade.

Mas por falta de ousadia da diretora Lisa Cholodenko, de curta filmografia, fica a impressão que o filme tinha MUITO mais pra provar mas por alguns problemas de ousadia, roteiro e talvez até por conta do estúdio tudo fica com a impressão de "fica pra depois", praticamente. É uma pena, pois O segredo de Brokeback Mountain conseguiu esse efeito de romance épico com muita honestidade e sem precisar apelar pra clichês, pelo contrário, apenas foi um pequeno-grande filme assim como Milk-A voz da igualdade. Ou seja, filmes simples, mas com muita essência. Minhas mães e meu pai também tem uma essência familiar moderna muito forte, mas devido as intenções da diretora no produto final, isso não contribui pra compactar essa essência. Por outro lado, o elenco legitima cada palavra.


Aqui, um casal formado por Annette Bening e Julianne Moore (Talvez ambas nas atuações da carreira, pois estão nada menos que fantásticas!) enfrentam os problemas dos filhos adolescentes que exigem saber quem é seu pai, o doador dos espermas, claro. Entra então na história o personagem canastrão de Mark Ruffalo (Muito à vontade no filme), que começa uma relação de luxúria junto com a personagem de Moore graças aos problemas conjugais do casal principal. O filme explora o vazio sentimental dos adultos, e principalmente o valor da família que não importa o gênero, mas o valor familiar sempre vai continuar o mesmo e superando praticamente tudo, ou melhor, tudo. Tai a essência! Há boas cenas simbolizando isso, como o monólogo inspirado de Julianne Moore ao resumir emocionada o que é um casamento à longo prazo. E há as cenas que mereciam ter sido cortadas na ilha de edição, pois não evoluem a trama ou o que nós pensamos a respeito dela. Mas há momentos hilariantes de tão simples e sarcásticos que são, assim como os de Queime depois de ler, dos Coen, afinal ambos são comédias apesar de muitos momentos desses filmes negarem isso, mas sempre explorando o humor negro.

Cada personagem tem sua própria história, sua própria dúvida, problema, emoção, falha de personalidade e muito amor pra dar, mas que ainda não encontraram a pessoa certa pra essa devoção. É fácil se identificar, não é? Mas qual seria o público alvo? Essa dúvida é outro agravante de Minhas mães, porque não é definido se é um “filme-família” devido às cenas de sexo e a classificação indicativa, ou um produto GLS, por exemplo, embora o filme não mereça esse título limitado, mas qual seria o gênero?


No fim, a família acima de tudo e todos! Minhas mães e meu pai é um filme de valores conservadores, mas com temática atual. Vai render um ou alguns prêmios? Muito provavelmente que sim! As mensagens humanistas e otimistas são super recomendáveis, a polêmica está no ponto certo, mas poderia marcar época e ser grande no conteúdo e no impacto! "Fica pra depois".

NOTA: 8/10

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