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quinta-feira, 31 de março de 2011

Zohan - Um Agente Bom de Corte (2008)


"Simplesmente infeliz."
Adam Sandler. Pode ser considerado o maior humorista da nova geração, mas não por ser engraçado, e sim por fazer muito sucesso entre os jovens e adolescentes fãs das comédias atuais. Ultimamente, pode ser que Sandler esteja fazendo mais sucesso do que Jim Carrey, o que é uma tremenda injustiça.

Os trabalhos de Sandler – na maioria das vezes – são razoáveis. Click começa bem, mas logo se torna um Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças em sua versão mal dirigida; O Paizão é apenas um filme para os pais e filhos se divertirem; Eu os Declaro Marido e... Larry, talvez, seja seu pior trabalho, quase chegando ao desastre supremo. Mas há os bons trabalhos (Espanglês, Como Se Fosse a Primeira Vez, etc.), mas como isso é uma crítica sobre um de seus trabalhos, e não uma biografia com a filmografia completa do humorista, vamos falar logo desse filme: Zohan – O Agente Bom de Corte.

Eu tive uma certa simpatia pelo Sandler. Mas não uma grande simpatia, e sim uma “simpatiazinha”. O máximo que eu achava dele era “um bom ator”. Nada mais do que isso. Esse é o limite, a fronteira final. Mas nesse último, ele se superou (quer dizer... “Quase”, pois nada pode ser pior do que “Eu os Declaro...”).

Zohan, um israelita super forte, finge sua própria morte e vai para os Estados Unidos, onde trabalha de cabeleireiro, seu sonho. Mas ele não apenas corta os cabelos das idosas que vão lá. Ele faz coisas mais quentes, e logo a cidade inteira quer cortar o cabelo com Zohan.

“Ahh, que sinopse engraçada. O filme deve ser bom.” Não se engane, meu caro. Não se deixe levar pela aparência. Nunca julgue um filme pela sinopse. Nem pelo seu ator. Nem pelo seu título E nem, é claro, pela capa. Veja esperando uma coisa muito engraçada e seu mundo desabará. Quem avisa amigo é.

Esse filme, na verdade, nada mais é do que um trabalho porco, mal feito, com piadinhas incessantes e sem-graças, poucas cenas hilárias, atuações fedegosamente más e um humor... Bem... “sujo”, se podemos dizer assim, fazendo piadas ofensivas (algumas vezes até racistas) e, infelizmente, desta vez Sandler não conseguiu. Não deu certo. Um plano indo para as cucuias.

Nunca vi (além de Larry, é claro – ou será Chuck?) um personagem de Adan Sandler tão mal construído, bizarro, ridículo, esdrúxulo, podre, mal-feitor, baderneiro, preconceituoso, tarado, metido e se achando o engraçado (se bem que nessa última característica eu me referi ao ator). Usando um sotaque de Israel muito... “diferente” (para ser mais eufemista e não dizer “fajuto”), o personagem não consegue interessas os espectadores entediados. Exceto, claro, aqueles que adoram o Adam Sandler.

Aliás, todos os personagens do filme seguem a trilha do principal. Além disso, o roteiro, além de não possui personagens interessantes e cenas engraçadas, não consegue nem mostrar um pouco do conflito de Israel e Líbano. Na verdade, o roteiro não consegue nada. Nunca vi roteiro tão inútil como esse.

A direção patética, “amadora”, relaxada, distraída, apressada, estressada e, principalmente, gananciosa, não consegue fazer porcaria nenhuma nesse filme, nem sequer mostrar uma das qualidades. A parte sonora e a parte visual são horrorosas! Nem sei se esse filme tem uma qualidade. Quer dizer... tem.

Claro que o filme não é um desastre completo. Há algumas ceninhas engraçadinhas e que podem provocar um daqueles risos em que a personagem Mary Poppins mostra em seu filme (risos, forçados, amarelos, ou como ela mesmo diz, “horríveis”). Mas o filme consegue arrancar uns risinhos, sim. Nada de gargalhada. Nem mesmo uma risada. Está mais para um “sorrisinho”, sem abrir a boca.

Ah, quase ia me esquecendo de outro defeito do filme: tem Rob Schneider no elenco. Sim, ele mesmo. Rob Schneider, aquele péssimo humorista, que perde no humor até para o Renato Aragão, e que quase nunca conseguiu com nenhum de seus filmes alcançar um elogio. Schneider é o pior humorista que surgiu na face da Terra, que mercê levar tomadas, ovadas, bananadas, laranjadas, abacaxizadas. Merece ser vaiado até os espectadores perderem a voz. E aqui ele não muda. Continua com sua atuação de oitava categoria, com seu humor pior que tapa na cara.

O final do filme é uma das melhores qualidades. Uma cena em que Zohan e Phantom começam a cantar e coisas começam a acontecer (não posso dizer o que é: SPOILERS, SPOILERS, SPOILERS), é uma cena, no máximo, agradável. O melhor de tudo.

Não posso me esquecer, é claro, do grupo de atores secundários e esquecidos. Para resumir e não ficar perdendo tempo, vou logo dizer que eles são horríveis, péssimos, canastras e desorientados.

E aqui termina mais uma delicada e desapontada crítica de um filme do Sandler, que decepcionou a todos os seus não-fãs (porque, provavelmente, os fãs vão gostar). O que Adam Sandler precisa é, na verdade, mudar seu estilo de fazer comédia. O humor desse filme, por exemplo. Parece filme do Sacha Baron Cohen - a direferença é que este segundo é mais divertido e inteligente, não se esqueçam. INOVAÇÃO é o que esse ator precisa. E enquanto ele não se inovar... “Adeus, sucesso.”
NOTA: 3.0



domingo, 30 de janeiro de 2011

Crítica: A Última Música (2010)




“Nicholas Sparks é uma bomba pronta. E é aqui que chegamos a conclusão de que, se ele escrever um livro contando sobre um mendigo que estava vomitando strogonoff de carne da semana passada na porta de sua casa, dariam um jeito de adaptar aquele fato para as telas.”
Victor Tanaka

É, o cinema virou festa. Qualquer coisinha é motivo para um filme. Fatos importantes – como o caso do World Trade Center -, fatos interessantes – como a criação da rede social Facebook – e fatos inúteis – como um filme sobre o palhaço Tiririca. Mas agora, todo mundo quer fazer um filme. Todo mundo quer ter um filme. Qualquer porcaria de livro de modinhas adolescentes que chega às livrarias (geralmente com vampiros, garotas paranormais e um triângulo amoroso em uma tentativa de clima sombrio) é motivo para tentar novamente uma grande bilheteria. É, a bilheteria. O motivo para o cinema atual estar tão mal-utilizado. Vemos quase todos os fins de semana (ou “todos”) um lixo novo ser lançado.

A moda agora é adaptar livros. Como já dito anteriormente, livros de modinhas adolescentes. Mas não só esses, como também best-sellers que poderiam render uma boa graninha para os produtores. E que livros melhor para fazer lucro se não algum de Nicholas Sparks, um dos piores escritores da atualidade e, obviamente, superestimado até a última espinha? Afinal, seus livros melosos e irritantemente clichês são tão bem visto por grande parte do público, que obviamente eles quereriam ver tal obra no cinema? Sim, e depois de tantos livros do Sparks ganhar uma versão cinematográfica, qualquer trabalho meia-boca que ele faz já vai direto para a 7ª Arte. Vou falar hoje sobre uma das porcarias superestimas de Sparks adaptada para as telas.

A Última Música é, inicialmente, um livro chato. Eu ainda não terminei de ler por ser tão desinteressante, mas espero algum dia chegar perto do final. É um livro MUITO previsível, como qualquer coisa de Nicholas Sparks inventa. Sem originalidade alguma. A história é sobre uma garota rebelde que vai, com seu irmão pequeno, passar alguns dias na casa de seu pai, que mora na praia. Ela já chega chata, enchendo a paciência do seu pai e arrumando confusão – sendo até acusada de roubo – devido as más companhias que conheceu em uma noite que saiu sozinha sem dar explicações a seu pai. Mas, aos poucos, os dois vão começando a se entender, e ao mesmo tempo em que começa a ter uma personalidade aceitável, encontra seu grande amor.

Provavelmente você já saberia como terminaria o parágrafo acima antes de terminar de lê-lo, simplesmente porque é tudo muito previsível aqui. Mas vamos lá. Tentarei ser um pouco paciente com este filme nessa análise.

O que temos neste filme comercial, além de um roteiro bobo, meloso e clichê do começo ao fim? Vamos começar com os problemas na formação da história e na estrutura desta. Está até pior do que no livro (ou seja, está pior do que eu pensava). Temos uma personagem mal-construída, que não conquista o público. Uma personagem irritante e que não merece um mínimo de atenção. Claro que, no cinema, ela parece estar mais desinteressante do que no livro. A culpa não é do roteiro, e sim da atriz que chamaram para interpretá-la. Quem foi essa gloriosa atriz? Miley Cyrus. Começa a palhaçada.

Miley Cyrus é uma péssima atriz e não consegue entrar em sintonia com o pouco clima de tristeza que o filme nos reserva. Se nem uma comédia adolescente ela consegue fazer direito, como conseguiria fazer algo melhor em um filme supostamente sério e retratando temas bonitos de forma tão medíocre? O resultado é fedegoso. Um espetáculo de palhaçadas.

Seu par romântico, Liam Hemsworth, é um babaca. Não, não estou falando só do personagem. Por que todo filmes desse tipo tem que ter um personagem tão idiota e, pior, interpretado por um ator com um talento pior que o de um camundongo bêbado? Sempre lembrarei desse filme como tendo um dos PIORES CASAIS da história do cinema. Eles não têm simpatia, nem carisma, nem a tão falada química. Eles não têm nada.

O melhorzinho do elenco é mesmo Greg Kinnear no papel de Steve Miller (o pai da Miley Cyrus no filme). Claro que aqui ele está ruim, mas a culpa é da diretora incompetente. Mas Kinnear consegue contornar tudo com seu carisma, e acaba sendo um dos pouquíssimos bons motivos para ver o filme.

Este é um dos primeiro longas-metragens de Julie Anne Robinson, creio eu, que anteriormente havia dirigido algumas séries televisivas. Isso explica porque o filme também tem uma certa e escondida semelhança com uma série americana. Talvez semelhanças na estrutura, nas atuações, não sei. E é um filme bonito visualmente. Claro, o objetivo era ser bonito sentimentalmente, mas o que posso fazer?

O público maior que este produto agradará serão claramente os adolescentes que adoram estes filmes comerciais e adoram uma história melosa que faz as pessoas bem menos exigentes chorarem no desfecho – e, se pensarmos bem, é um grande público: a explicação para esses filmecos continuarem sendo produzidos aos montes por aí.

E, aqui, termina uma análise de um filme frustrado em todos os sentidos. Um filme que não consegue agradar, não consegue emocionar. Nem com os atores conseguimos nos simpatizar. Uma péssima escolha de elenco e, para piorar, uma péssima escolha de história. Afinal, com um roteiro tão chulo e meia-boca desses… É aqui que chegamos a conclusão de que, se Nicholas Sparks escrever um livro contando sobre um mendigo que estava vomitando strogonoff de carne da semana passada na porta de sua casa, dariam um jeito de adaptar aquele fato para as telas. Afinal, os filmes de Sparks agradam muito às pessoas com pouco senso crítico, logo lucram em cima delas.
NOTA: 3.0

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Crítica: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte I (2010)

Após ver este filme, escrevi um comentário, que pode ser lido clicando aqui.
Mas após rever no cinema mesmo, meus pensamentos mudaram sobre algumas coisas. Então peguei este comentário e transformei-o em uma crítica, que você pode conferir abaixo.

Helena Bonham Carter (a moça do penteado esquisito) como Belatriz Lestrange

“Chega aqui o fim de um acontecimento que marcou uma década e a vida de milhões de pessoas.”


Foram dez anos de espera para os fãs. É muito clichê começar uma análise assim para o fim de uma saga, mas agora entendo como esse fato é triste para tantos. Afinal, você, que já passou anos acompanhando os filmes de uma mesma saga, sempre esperando para que o próximo produto fosse lançado logo, provavelmente ficou triste quando viu que finalmente havia chegado ao fim de tal saga, e teria que se separar de seus personagens tão queridos. Isso é realmente melancólico. Comigo isso também aconteceu – embora não totalmente. Mas aquele clima de saudade já está comparecendo na mente de muitos fãs.

Confesso que fiquei sem palavras após terminar a exibição de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte I. Não é segredo para ninguém que sou fã da série, mas, sinceramente, o filme é simplesmente fantástico! É um filme que diverte, que entristece, que alivia, que deixa o espectador tenso e, mais que isso, empolgado!

Como muitos já disseram, agora que conhecemos bem os personagens, não tem como simplesmente não torcer por eles. Essa trama sombria e mais adulta que J.K. Rowling nos deixou, saltou para as telas como magia pura, fazendo brotar tudo aquilo que a série plantou e semeou durante esses quase dez anos.

Neste produto, o que temos é, inicialmente, Harry Potter sendo transferido da casa de seus tios – uma cena desperdiçada, que podia ter retratado muito bem aquela despedida triste e aquele clima de melancolia rondando o lugar onde sofrera tanto, mas que, afinal, era sua casa – e sendo levado para a casa dos Weasley. Lá, os Comensais da Morte atacam, e ele, Rony e Hermione conseguem escapar. Perdidos, restam a eles irem atrás das Horcruxes de Voldemort e destruírem-nas, enquanto a tão falada guerra se aproxima finalmente.

No início desse comprido desfecho, já somos presenteados com uma belíssima cena de Severo Snape na mansão dos Malfoy e, depois, a cena que considero a mais triste de toda a saga, protagonizada por Hermione, com a linda trilha sonora de Alexandre Desplat ao fundo.

Durante o filme todo, somos presenteados com uma atmosfera digna de aplauso, por nos dar mesmo aquela sensação de que alguma coisa muito séria está acontecendo, sem eles precisarem repetir o tempo todo, como nos outros filmes, que “uma guerra está chegando”, e coisas assim.

Esse é aquele típico filme que nos introduz em um campo nunca explorado com tanta profundidade pelos outros filmes da franquia como agora - o mundo dos bruxos fora de Hogwarts. Que perigos rondavam aquele lugar e nunca pudemos ver? Em quem eles realmente podem confiar? Onde estarão seguros? E usando efeitos visuais divinos se comparados aos anteriores e contando com interpretações bem melhores, o filme ainda possui um humor até mais natural do que visto anteriormente.

Um dos maiores problemas, que quase todo mundo critica e eu assino embaixo, é a mudança brusca do ritmo do filme. As cenas de ação são um tanto quanto curtas, e há muitas cenas entediantes e desnecessariamente longas do trio na floresta sem saber o que fazer. Geralmente, podemos resumir o filme como grandes fragmentos de acontecimentos interessantes flutuando em um mar de cenas repetitivas. Mas tais fragmentos são tão agradáveis, que não conseguimos parar de pensar no que acabara de acontecer enquanto a próxima cena entediante se move.

Até o trio está melhor, embora eu ainda ache que eles estão medianos. Os melhores do elenco mesmo são Alan Rickman – como sempre, embora apareça em apenas uma cena, mas que já faz nossos olhos brilharem -, Helena Bonham Carter (insana, insana, insana) e Imelda Staunton – deliciosamente desagradável. Eu poderia citar Maggie Smith também, pois, para mim, ela é sempre a melhor do elenco (junto com Alan Rickman), mas não podemos ignorar o fato de que ela foi esquecida nesse filme e não aparece em sequer uma cena.

O visual do filme, além de ser quase infinitamente melhor que os anteriores (com exceção do sexto filme, O Enigma do Príncipe), é o melhor elemento do filme e o que mais chama a atenção do público. Os cenários, os figurinos, a fotografia lindíssima, os efeitos visuais e todo o resto. As cenas do Ministério da Magia e da Mansão dos Malfoy são deliciosas para nossos olhos saborearem. Essa parte visual também contribui para a tensão que permanece em quase todo o filme. Inclusive, uma das cenas – a que aparece a personagem Batilda Bagshot -, possui um ar muito igual a de um filme de terror (não só pelo visual, mas também pela criativíssima e muito competente trilha sonora de Alexandre Desplat). E David Yates dispensa comentários. Mesmo tendo mais controle sobre O Enigma do Príncipe do que nesse, consegue conduzir a história de maneira quase equilibrada e do jeito certo.

Bom, eu sei que é clichê dizer que a série amadureceu e tudo mais, mas esse é o maior destaque do filme. Podemos perceber logo pelas cenas iniciais, que são melancólicas e mais adultas – e não tão infantis quanto eram antes. E, claro, eu não podia terminar esta resenha sem antes comentar o final do filme, com aquelas cenas de arrepiar, como a sequência da Mansão dos Malfoy, que é um delírio em todos os sentidos, e a cena final, que é a responsável por todos quererem ver a segunda parte e o verdadeiro desfecho - aquele que parecia nunca chegar depois de tantos anos -, que promete ser grandioso e não decepcionar a ninguém.
 
Claro que minha opinião para este filme é meio tendenciosa, pois grandes fãs ficam cegos aos defeitos de sua saga favorita, mas depois, quando o brilho passa um pouco, é possível ver os problemas – como houve comigo. E, claro, tem muitos problemas neste filme. Mas não há nada que todas as qualidades aqui citadas possam cobrir. Mas é óbvio que não agradará a todos. Quem não é fã da saga tem mais chances de não gostar. Ainda assim, pode ser que estes gostem e o encarem como uma boa diversão – ou não.

Que comece o espetáculo.

Nota: 8.0

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Simplesmente Feliz (2008)


O que importa é ser feliz.


Poucos filmes sabem retratar atualmente uma boa história sobre a felicidade. O que é esta coisa misteriosa que todos falam? O que é “ser feliz”? O que nos faz feliz? Mas poucos se lembram, por exemplo, que a felicidade depende de cada pessoa. Há alguns só seriam felizes se ganhassem na loteria; outros, se fossem atores famosíssimos de Hollywood; outros, se a pessoa que mais amam se apaixonassem por eles. E há aqueles que captam o sentido real da ‘felicidade’ e se sentem felizes com coisas pequenas, como caminhar a pé para casa e pegar chuva no caminho, tendo que correr e se molhando todo; olhar para o céu e tentar contar as estrelas; queimar todos os cadernos da escola quando receber a notícia de que passou de ano; espirrar; ou enfiar a mão em um saco cheio de grãos, como mostrado em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Logo, cada um se sente feliz com um elemento ou um gesto diferente.

A felicidade é misteriosa. Para alguns, ela praticamente não existe. Para outros, ela está presente em todo lugar. Tem aqueles que se consideram infelizes, desgraçados, condenados à sofrer; e outros se consideram muito felizes, de bem com a vida otimistas. A segunda opção define bem Pauline (mais conhecida como “Poppy”), a protagonista de Simplesmente Feliz.

Este filme, de Mike Leigh e com Sally Hawkins na pele da personagem principal é, em minha opinião, um filme que retrata a felicidade de maneira graciosa, divertida e bem exagerada, com toques de genialidade no roteiro e complexidade. Mas também é um filme muito incompreendido, e vou explicar isso logo. Eu tenho milhares de argumentos para apresentar sobre o roteiro, então dividirei em alguns parágrafos, e depois falarei o resto.


Em resumo, é um filme fascinante em cada detalhe.

HISTÓRIA E ROTEIRO

A história é bem simples e básica. Poppy é uma professora do primário excessivamente feliz. Ela ri de tudo, acha tudo engraçado e vê otimismo em tudo o que acontece. Nada a abala. Durante o filme, vemos o jeito como ela tenta lidar cada situação, como uma aula de flamenco com uma professora desequilibrada, uma conversa com um bêbado maluco, uma pequena discussão com sua irmã paranoica, e até tentar ajudar um aluno seu que está com problemas na família. Esses e outros acontecimentos recheiam todo o filme, porém o mais importante e que faz a vida dela ficar mais confusa ainda são suas aulas de direção com um professor bem mal-humorado, que é totalmente o oposto dela. Para muitos, o humor do filme vai soar um pouco distante, até porque as piadas não são entregues todas mastigadinhas como muitos filmes fazem. São piadas inteligentes.

O roteiro é divertidíssimo e cativante e nos deixa animado a cada cena. Além disso, é CLARA e OBVIAMENTE possível perceber todo um conflito interno entre os personagens e as cenas que NÃO SÃO mostradas explicitamente no filme. Logo, nos levando a pensar. Mas o que torna tudo mais genial são os diálogos. A personagem principal usa e abusa do sarcasmo, fala coisas sem sentido, faz piada de tudo, e tudo o que sai de sua mente feliz. Por exemplo, os brilhantes momentos das aulas de direção são maravilhosos, devido à conversação entre os dois personagens opostos – Poppy e seu professor Scott (interpretado por Eddie Marsan).

Já ouvi gente reclamar de muita coisa desse roteiro. Uma delas é porque não há foco em nenhum desses acontecimentos mostrados no filme. Há um maior destaque nas cenas das aulas de direção – como eu já disse -, mas o roteiro não foca totalmente nele. Em resumo, não há uma trama definida. Mas, por acaso, a vida de uma pessoa foca em apenas em UM problema? Apenas em UMA situação? Essa técnica de não dar foco a nada é apenas uma ótima interpretação da vida. O filme quer passar ao espectador TUDO o que acontece com ela, os momentos bons e ruins, para fazer-nos pensar sobre aquela enigmática personagem. O que faríamos no lugar dela? E por quê? Mas muitos espectadores não estão acostumados com isso.

Muitos também reclamam que, no fim, muitos desses problemas citados acabam não sendo resolvidos, e continuam como está – e, ao iniciar dos créditos finais, chegamos ao ponto inicial novamente, sem nada ter mudado. Pois foi como eu disse no parágrafo anterior. Além disso, se nós conseguíssemos resolver TODOS os nossos problemas, não haveria infelicidade e tristeza no mundo. A não ser que alguém goste de ter problemas, mas não é muito comum achar alguém assim. Aí está o maior problema do filme: as pessoas têm preguiça de tentar interpretá-lo.

E no fim do filme surgem as dúvidas: mas afinal, o que Scott sentia por Poppy? E, claro, muitas dúvidas sobre passagens do filme aparentemente inúteis, mas que contribuem para o resultado final.

A PERSONAGEM

Vamos falar agora de um assunto tenso. É o principal elemento do filme que faz as pessoas odiá-lo ou adorá-lo: a Poppy. Ela é irritante, ela é tosca, ela é chata e exagerada. Mas comigo ela não pareceu nada disso. Para mim, Poppy soou como uma personagem muitíssimo bem-construído, demasiadamente carismática… e feliz. E, é claro, enigmática. E sabem por quê? Bom… reclamam que a moça é insuportável, escandalosa demais e metida a inteligente. Sim, ela é tudo isso (exceto para mim), mas é aí que entra a parte da complexidade já citada.

Toda essa alegria, todo esse otimismo extremo, toda essa suposta felicidade é o que estamos vendo por fora dela. Mas em muitas cenas, podemos ver a Poppy pensativa, com uma feição triste, sem saber o que fazer. Logo, abre-se um leque de possibilidades e hipóteses para entender sua personalidade. Será que ela é mesmo feliz? Afinal, estamos vendo essa felicidade explícita dela, mas não conseguimos enxergar por dentro dela, o que ela está realmente sentindo. E se essa felicidade é apenas para mascarar uma profunda tristeza? E se esse otimismo é resultado de um trauma enorme que ela sofreu no passado? E outras quase infinitas idéias que surgem enquanto pensamos.Afinal, o que ela esconde?


A personagem é o elemento mais incompreendido do filme, pois a maioria das pessoas tem preguiça de tentar entender sua alma, de tentar entender seus atos, de tentar entender a ela e a todo o resto do filme. Logo, é um filme mal-incompreendido e mal-interpretado pela massa geralmente por isso. Por não revelar a verdade sobre tudo, tentando fazer-nos mentalizar e refletir.

Afinal, a felicidade é misteriosa e nós nunca a entendemos por completo. O filme também não.
E eu simplesmente AMO A POPPY! Ela é um exemplo de vida, e mesmo não sabendo quem ela é verdade, sempre nos lembra de que tudo rem um lado bom e tudo tem motivos para sorrir.

ATUAÇÕES

Muitos vão querer me matar agora ou, quem não está perto de mim neste momento, simplesmente vai parar de ler a crítica e falar muito mal de mim na Internet, me ofender em um site de cinema ou me xingar muito no Twitter, mas para mim, a atuação de Sally Hawkins foi a melhor da década de 2000 inteira! Não, sua performance não está exagerada e caricata. A personagem simplesmente é assim, e Sally deu vida à esta com maestria e perfeição. Ela consegue sintetizar toda a essência do filme e nos entregar uma atuação simplesmente… feliz.

Eddie Marsan também está bom, e consegue também cumprir seu objetivo de interpretar exatamente ao contrário de Sally Hawkins. Os dois não se combinam – o que é o certo. Alexis Zegerman, no papel de Zoe (a moça que divide o apartamento com Poppy) está um pouco mais fraca que o casal citado, mas é bem simpática também. Os outros nomes desconhecidos do elenco estão razoáveis.

PARTE SONORA E VISUAL

O filme tem uma parte técnica bem agradável e simpática. A trilha sonora é animada – não teria como não ser – e adorável. Não é uma daquelas que gruda, mas provavelmente não passa despercebida cada vez que é executada na película durante a exibição. Foi até emocionante vê-la sendo tocada quando anunciaram a vitória de Sally Hawkins no Globo de Ouro por sua atuação neste filme.

E a parte visual também é bonita. É um tanto colorida, dando uma aparência mais alegre ainda… E tem mesmo uma ótima fotografia.

CONCLUINDO...

A direção de Leigh é ótima. Ele consegue conduzir seu roteiro como ninguém. Tenho quase certeza que, durante todo o filme, ele esfrega as respostas para todas as nossas dúvidas na nossa cara, mas não conseguimos enxergar porque… Oras, porque não.

Bom, espero que tenham entendido meu ponto de vista (ou pelo menos “tentado”) e não queiram me linchar se me encontrarem por aí. Afinal, a vida não é mesmo muito enigmática, assim como a felicidade. E o filme retrata perfeitamente, deixando muitas portas abertas e nos deixando livres a tentar descobrir o real sentido do filme ou criar uma hipótese e acreditar nela até o fim (isso pode incluir a hipótese de que a Poppy é louca e o filme é um lixo, entre outras – e isso depende de cada um). Logo, o filme merecia ser adorado por grande parte da população principalmente por…

































Bom, como podemos perceber, o filme não mostra a conclusão de tudo. Afinal, a história não acaba depois que o filme termina. Ela continua, porém não podemos acompanhar até o fim. E nós tiramos nossas conclusões sobre o que vimos. Para combinar com o filme, farei o mesmo com essa crítica, porém aqui não é difícil chegar à conclusão exata de tudo.

NOTA: 10.0

Poppy e Zoe