quinta-feira, 7 de julho de 2011

Análise: Harry Potter e o Cálice de Fogo (Harry Potter and the Goblet of Fire) (2005)

*Esse texto foi liberado pela Confederação Internacional dos Bruxos para a leitura entre trouxas.

Quando uma série faz muito sucesso, em todas as mídias como é o caso da série Potter, os fãs se tornam cautelosos para escolher o melhor filme da saga. Opiniões se chocam como um vôo experimental de uma Firebolt descontrolada, e para evitar discussões entre eles, os fãs se dispersam, porém a briga sobre o melhor dos melhores continua em redes sociais, por exemplo. Mas algo é certo: O cálice de fogo não é, nem de longe, o melhor da franquia.

Depois do excelente e até então um trabalho único na série que o diretor Alfonso Cuarón fez em O prisioneiro de Askaban, deu a louca nos produtores de Harry Potter e resolveram levar o diretor Mike Newell para tomar as rédeas da situação. Um cara que fez os ótimos Quatro casamentos e um funeral, a comédia responsável pela volta do cinema Britânico a Hollywood, e Donnie Brasco, com Johnny Deep e Al Pacino duelando em cena. Mike não era conhecido por ter experiências em blockbusters, e mesmo assim aceitou a proposta. Depois, em uma entrevista dada no Brasil em 2008, ele revelou que não tem tanto medo dos fãs de Harry Potter, e provavelmente nem respeito com o material. Sai o clima mágico e sombrio de Askaban, e entra um clima... Um clima sem estilo nenhum. Às vezes monótono, às vezes acelerado, aproveitando bem os bons momentos da história, porém sem personalidade nenhuma - e olha que ele parece ter tentando.

O público sabe quando está sendo enganado, e na maioria das vezes aceita porque já pagou pelo ingresso e não vai sair do cinema no meio da sessão. A história desse quarto filme é basicamente isso: Em Hogwarts, um torneio acontece, um torneio que envolve várias escolas de magia, com desafios mortais para os estudantes, e tudo só serve para conduzir até o final, ao grande clímax que separa a primeira parte da franquia, com a segunda parte da saga. Um filme que serve como ponte para duas partes de uma história tão longa deveria representar melhor isso. É um filme infantil, apressado – os fãs reclamam até hoje da ausência da Copa mundial de quadribol - romântico às vezes, engraçado – nós percebemos que é nos momentos engraçados que o filme fica melhor – e sombrio, tudo junto misturado. Mike Newell dá uma consistência mole e sem graça para esse bolo: O cálice de fogo parece –e é – um filme no qual os produtores, sedentos por dinheiro, obrigam a ser feito o mais rápido possível, como no caso do segundo filme da série, A câmara secreta. Impossível sair algo realmente satisfatório de um funcionário que trabalha sobre enorme pressão do chefe. Aqui, dá no mesmo.

Tecnicamente, o filme é um primor. Como sempre, a direção de arte do filmes de Harry Potter é inquestionavelmente fantástica, você nem precisa de 3D para imaginar o cheiro do ambiente onde os atores estão, tamanho realismo técnico. O cálice de fogo, por isso, recebeu uma merecida indicação ao Oscar 2006, mas perdeu para os fabulosos cenários de Memórias de uma gueixa – A academia adora premiar nessas categorias filmes de época orientais. Como já foi dito, os fãs se dispersam para evitar brigas entre eles, o que sempre acontece, é inevitável, mas a pergunta que não quer calar: Se Lord Voldemort tem características ofídicas, como são descritas nos livros de J.K Rowling, porque no filme ele não tem olhos ofídicos, língua de cobra e apenas nariz ofídico? Pior do que essa falha na mitologia da série é o erro de usar cenas inúteis e contratar um diretor no máximo bom para conduzir o espetáculo que move milhares de fãs aos cinemas. Tem que ver isso ai...

NOTA: 7

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