terça-feira, 12 de julho de 2011

Análise: Harry Potter e o enigma do príncipe (Harry Potter and the half-blood prince) (2009)

*Esse texto foi liberado pela Confederação Internacional dos Bruxos para a leitura entre trouxas.

Há algo maior do que a importância de bilheteria dos filmes de Harry Potter, ou até mesmo a satisfação dos fãs sobre os filmes: A magia de fazer com que os jovens se interessassem pela leitura. A série da escritora inglesa J.K Rowling fez esses mesmos jovens abandonarem os videogames, filmes, internet e o mundo musical para se entregarem para as páginas escritas por ela. Esse é o maior mérito da franquia, antes de qualquer coisa: Despertar o interesse literário.

Quem “reescreveu” a série no cinema, desde o começo, foi o roteirista Steven Kloves, que fez um trabalho bem regular no começo dos filmes de Potter, sem saber expressar muito bem sua personalidade, mas Steven foi amadurecendo seu talento enquanto a própria história ia amadurecendo, naturalmente. Até então, com A ordem da fênix, ele demonstrou isso, mas fez de verdade com O enigma do príncipe, onde tudo – TUDO – é mais maduro, mais bem desenvolvido, mais convincente. O filme parece tentar ir, pela primeira vez, mais longe do que o livro foi, e em alguns momentos ele consegue, como na própria narrativa mais bem elaborada do que na história original, na forma como trata o sexto ano na escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts com zero de infantilidade e lirismo. Afinal de contas, os personagens não são mais crianças, o público também não, essa fase já passou. Veja isso na prática: Assista apenas uma cena de A pedra filosofal, qualquer cena, e logo em seguida emende com qualquer sequência desse O enigma do príncipe. Você vai entender...

Por conta disso, ou não, é o filme mais bonito da franquia, com uma fotografia espetacular – foi indicada ao Oscar 2010, mas perdeu para Avatar -, sendo também o filme mais sombrio de todos, assim como o interior da maioria dos adolescentes envolvidos na história. Se em A ordem da fênix, Lord Voldemort começou sua ascensão maligna no mundo da magia, agora ele demonstra que tem um plano maior: Infiltrar aliados dentro de Hogwarts, para deturpar o lugar por dentro e fazer um reino de terror dentro da escola. Através de flashbacks vamos percebendo a história do grande vilão da história, suas motivações iniciais, uma espécie de A piada Mortal menos enigmática, porém igualmente interessante de se acompanhar. Nesse clima de crescente tensão, há espaço para um clima bem-vindo de romance e paixões não correspondidas entre os personagens principais, afinal a história acontece em uma escola cheia de adolescentes com os hormônios a flor da pele.

No quinto filme da série, todos os olhares se voltaram para o ótimo trabalho do novato diretor David Yates, por elevar a história a outro nível, aqui as atenções vão mesmo para os atores: Foi muito bacana ver como Daniel Radcliffe (Harry), Rupert Grint (Rony), Emma Watson (Hermione) e Tom Felton (Draco) evoluíram, desde o começo até aqui. Agora eles não precisam mais fazer caretas e outros exageros para promover suas emoções, tudo se tornou natural, atingindo junto com a história a maturidade como atores profissionais, algo que no começo eles não sabiam como ser – eram crianças mal dirigidas por Chris Columbus. Obviamente, novos personagens são apresentados e igualmente bem interpretados por veteranos atores Britânicos, o principal sendo Jim Broadbent como o estabanado Professor Slughorn, um papel tão perfeito para Jim que é impossível imaginar outro ator sendo o professor. Nesse ponto da franquia, nos despedimos do fantástico ator Michael Gambon, que deu vida de forma única também ao querido professor Dumbledore, com sua participação encerrada de um jeito trágico, e isso é tudo que eu vou dizer sem ter o risco de dar spoilers para quem ainda não viu ou leu Harry Potter e o enigma do príncipe. Vale a pena checar as duas opções da história, e para incrementar, que tal ouvir a imponente trilha sonora de Nicholas Hooper?

Mas, deixando de lado o enredo, atuações e afins, vamos ao que interessa, finalmente: David Yates, junto com o roteirista, começou desde A ordem da fênix a remendar alguns erros primários que desde A pedra filosofal incomodam a cinessérie, e tem conseguido. Falta surrealismo nos filmes de Harry Potter, sobra limitação por quererem satisfazer os Pottermaníacos mais exigentes. Mesmo assim, a franquia se estabeleceu como cinema, não em termos de bilheteria, mas de conteúdo. A partir daqui, começou a trilogia para o final da saga do menino-que-sobreviveu contra você-sabe-quem, e começou muito bem.

NOTA: 8,5.

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