sexta-feira, 1 de julho de 2011

Análise: Harry Potter e a Pedra Filosofal (Harry Potter and the Philosopher's Stone) (2001)

*Esse texto foi liberado pela Confederação Internacional dos Bruxos para a leitura entre trouxas.

Em 1997, quando J.K Rowling recebeu algumas propostas para que seu livro virasse filme nas mãos de algumas produtoras de Hollywood, ela rejeitou todas elas. Ela conta isso em detalhes no livro Conversa com J.K Rowling, de 2003, da Panda Books. Ela só liberou a adaptação nas mãos da Warner Bros. porque acreditou neles, e aprovou todos os mapas e desenhos que ilustravam com lealdade todo o universo que antes só existia na cabeça dela, e nas páginas do livro. Era só uma questão de tempo, a partir daí...

Você já tentou começar uma saga? Já pelo menos pensou em iniciar uma quando teve uma grande idéia? Se a resposta é sim, você deve ter percebido que você tem 99% de chances de não conseguir criar uma história poderosa, cheia de significados, com a capacidade de definir uma geração e de angariar fãs (devotos fanáticos) ao redor do mundo. É realmente uma missão quase impossível não para quem pode, mas para quem quer! A autora diz que teve a idéia de toda a longa história em uma simples viagem de trem, entre Manchester e Londres. Algum feitiço ilusório, talvez?

Agora você pode imaginar a responsabilidade de transferir um material louvado por milhões até o cinema, para outra mídia, e o mais difícil, ir mais longe de onde o livro foi! Poucos, muitos poucos conseguiram (O poderoso chefão salta a mente!). O fato é que o filme que iniciou a odisseia no cinema fez entre 2001 e 2002, quase 1 bilhão em bilheterias, o que também fez os executivos da Warner perceberem a imensidão do potencial dessa série, mas mesmo assim, Harry Potter e a Pedra filosofal é um filme fraco como um tronquilho, que não consegue superar o livro, e nem parece tentar! Pelo contrário, A pedra filosofal criou defeitos e lacunas que iriam ficar concretizadas na série para sempre. Por exemplo...

A escolha de Daniel Radcliffe para o grande papel central foi perfeita ao ponto de lermos o livro e imaginarmos ele lá, vivendo capítulo por capítulo!

Pois bem, o ator, na época mirim, tinha carisma e presença forte, porém aquele não era o Harry Potter de J.K Rowling! O garoto que sobreviveu do cinema não é especial, muito inteligente e muito maduro para a idade dele. Ele é apenas uma criança corajosa e curiosa, sem nada explicitamente especial, pois as situações o “jogam” a ser especial, a tomar a atitude principal, a ser o herói destemido que descobriu em uma noite chuvosa que era um bruxo. Essas características clichês sem nenhum tratamento fazem com que o personagem dependa, de novo, do carisma de Daniel Radcliffe, mal dirigido nesse primeiro filme. Isso faria com que o verdadeiro Harry Potter ficasse nas páginas do livro, na nossa imaginação. Sem dúvida, um grande erro. Emma Watson e Rupert Grint estão irreparáveis, com seus personagens mais bem definidos do que o protagonista! O trio Harry/Rony/Hermione têm química, convence com sua amizade ainda evoluindo, é a alma desse filme sobre amizade que há exatamente dez anos era lançado! Mas a jornada estava só começando pra todos nós, Pottermaníacos ou não...

O mundo bruxo é muito, mas muito bem representado. Tudo remete a um mundo fantástico além da plataforma 9 ¾ na estação de King Cross! A escola de magia e Bruxaria de Hogwarts é um domínio que todos nós gostaríamos de conhecer, assim como o Bar do Ricky, em Casablanca, ou a vila dos Hobbits em O senhor dos anéis: Lugares que nós ansiamos por serem reais, de tão fantásticos e ao mesmo tempo desafiadores – afinal de contas, gostamos de ser desafiados, às vezes em escapar de um balaço errante, outras vezes em descobrir qual o sabor do próximo caramelo que vamos comprar em Hogsmead, não é mesmo? Os fãs (devotos fanáticos) se sentiram orgulhosos de ver com o coração o mundo que cada um tinha na cabeça, enquanto folheavam as páginas (Dizem que a leitura dos livros de Potter é mais rápida do que uma vassoura Nimbus 2011, devido à dinâmica dos livros). Mas o maior triunfo de A pedra filosofal é a sua trilha sonora, encantadora, leve e lírica, que se encaixa com total perfeição com o que é contado. Impossível pensar em outro tema para a história!

O filme não segue esse contexto, nem tem fidelidade canina ao material original: Ele é contado por irritantes episódios, ou seja, uma narrativa limitada a grandes margens de erros, e é isso que acontece. O diretor Chris Columbus fez um filme regular, eficiente, mas que seria facilmente superado pelos próximos que viriam, mas conseguiu o mais importante: Agradou parcialmente os fãs (devotos fanáticos) ao codificar um único e fascinante mundo de magia e bruxaria para o cinema. Só por isso, o diretor merece algumas gotas de Felix Felicis pela ousadia, mas também merece uma longa detenção na floresta proibida por ter cometidos erros bobos, que fariam toda a saga perder muito do seu potencial literário durante todos os oito filmes.

NOTA: 6,5

Um comentário:

Rafael W. disse...

O filme que mudou minha vida pra sempre. Nunca mais vou esquecer *__*

http://cinelupinha.blogspot.com/