quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Os Produtores (2005)

"Quero ser um produtor da Broadway."

“Springtime for Hitler and Germany”
“Keep it gay… keep it gay…”
“I wanna be a producer…”
“We can do it, we can do it”

Essas são as frases que entraram e não pararam mais de ecoar na minha cabeça após rever este delicioso musical Os Produtores, dirigido por Susan Stroman, estrelado por Matthew Broderick, Nathan Lane, Uma Thurman e Will Ferrel e, como é mais conhecido, “a refilmagem de Primavera para Hitler, de Mel Brooks.

Eu não vi o original, portanto não posso dizer se essa nova versão “destrói o Império de genialidade que o maravilhoso Mel Brooks construiu no auge de sua mente criativa”, então só posso dizer que este é um filme contagiante, louco e entrega a diversão que promete.

A trama deste produto é exatamente a mesma do original: dois produtores de teatro que decidem adaptar para a Broadway a pior peça já escrita, dirigida pelo pior diretor do mundo e tudo mais, para que seja um fracasso e eles ganhem uma fortuna. Eles encontram “Springtime for Hitler” uma peça escrita por um maluco nazista e começam a patifaria, porém nem tudo sai como eles planejam.

Eu sou apaixonado por musicais, então minha opinião é meio tendenciosa. Mas devo dizer que, mesmo tendo umas sacadas que soam como apelativas, o filme é tão animado e alegre, que não tem como cantar algum verso de alguma canção, ou chacoalhar os ossos, ou até mesmo mexer a ponta da unha do dedão do pé. Não tem como deixar tudo parado.

As performances, mesmo não sendo exemplos de grandiosidade de atuações, são muito divertidas, o que é o importante aqui. Aqui, não importa estar atuando bem ou ser inteligente – o que vale é ser divertido. E é aqui que chegamos onde eu queria. A promessa do filme é essa: divertir. E ele consegue isso com proeza. Matthew Broderick está irritantemente engraçado, assim como Uma Thurman, que está sensualmente divertida. Nathan Lane, ao contrário, não consegue muito, mas ele é carismático, e isso já vale. Mesmo não gostando de Will Ferrell, devo dizer que ele também agrada, mas o melhor é Roger Bart, como a hilária coadjuvante Carmen Ghia, que logo em sua primeira cena diz aquela frase genial (“Yesssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss?”).

O maior destaque, além do ritmo adorável da trilha sonora e das coreografias intensas, é a belíssima parte técnica – os cenários, os figurinos, as cores que saltam de um lado para o outro da tela junto com a movimentação, junto com a música, com as piadas incessantes. Tudo aqui se encaixa de forma tão bonita, tão agradável para todos os sentidos, que eu sinto vontade de gritar e dizer “Que filme perfeito!”.

OK, mas nem tudo são flores. Vocês devem estar cansados de tanto eu falar das cenas musicais, mas, sinceramente, é esse aspecto que faz o filme ganhar mais força. Quando os atores não estão cantando ou dançando (que realmente o filme parece um teatro filmado, mas isso não me incomoda em momento algum), parece apenas mais uma comédia divertida, com atores bons e um roteiro brilhante quase mal aproveitado. Logo, a melhor parte, a parte que faz a gente querer continuar assistindo, está mesmo na dança, na música.

Outra coisa que faz o filme perder um pouco é seu desfecho desnecessariamente longo. Eles exageraram tanto nas partes musicais, que as cenas finais, quase sem música, começam a parecer chatas, e os últimos vinte minutos podiam ser muito bem resumidos. A cena da cadeia, por exemplo, podia durar apenas alguns segundos, mas insistiram em colocar uma música que não acrescenta em nada na história e parece nunca terminar.

E esse é o primeiro musical que, dirigido por uma mulher, não parece tão feminista ou tão “feito para mulheres”, como foi o caso de Mamma Mia. Susan Stroman consegue captar bem o espírito de genialidade da história de Mel Brooks e adaptar para as telas um trabalho muito, divertido e adorável, que pode não agradar muito aos que não são muito chegados a este gênero, mas com certeza conseguirá arrancar boas risadas e alguns movimentos involuntários corporais de outros.

Ah, claro, quando chegamos ao final do filme, ainda fica uma pequena vontade, mesmo que não percebamos, de ser um produtor da Broadway.


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