Se tratando de fantasia e no quesito narrativa e enredo, as extravagâncias de Miyazaki são inigualáveis. Como todo filme do diretor, Ponyo é um caos. Um turbilhão de fantasias é pintado na tela de modo sem igual, as cores de extrema exuberância fazem com que seja gratificante o mergulho cada vez mais profundo num mundo onde tudo é novo, onde a fantasia encontra o ápice de seu poder.
Ponyo é uma historia sobre uma amizade peculiar, um filme livre de modismos, sem nenhum maniqueísmo e sem apelar para a animação digital robotizada [a moda atual]. O filme com estética trabalhada na aquarela segue misturando um olhar ecológico com temas variados como o triunfo da inocência, a hora do adeus, maturidade, os idosos que anseiam por uma vida mais independente e assim vai.
Uma das alegrias ao assistir á um filme de Miyazaki é que já na primeira cena [nesse caso uma linda homenagem ao cinema mudo] somos empurrados para os delírios do diretor. Delírios construídos por detalhes minuciosos que exploram ao máximo a imaginação do espectador.
Personagens sem precedentes, Ponyo é tão bizarra quanto adorável. O único porém que deixa esse filme atrás das Obras Primas do diretor é que a ideologia se sobrepôs ao desenvolvimento dos personagens, mesmo assim o fascínio permanece intacto.
A técnica simples, traços coloridos e luminosos atingem seu grau máximo na cena em que Ponyo volta para Sosuke ao som de uma trilha sonora extasiante que homenageia a linda melodia “Ride of the Valkyries”. Miyazaki, assim como Ponyo, tem um enorme talento em esburacar o tecido da realidade, trazendo novos e múltiplos encantos a cada nova cena.
Uma historia vinda de um coração apaixonado pela infância e pela natureza, uma experiência sensorial incrível [pra mim o melhor filme que estreou por aqui esse ano], acima de tudo Ponyo é uma representação singela do que se trata um amor puro e sem limites, um amor que talvez só uma criança de cinco anos possa sentir.
Grande Momento: A interação entre Ponyo e o bebê, ao sentir compaixão Ponyo demonstra que pode se tornar humana.
Nota 9/10.
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