terça-feira, 25 de janeiro de 2011

127 horas (127 HOURS) (2010)

Danny Boyle é sinônimo de otimismo, em seus filmes. Até em uma história de zumbis ele consegue transmitir uma boa esperança em relação aos fatos horríveis que acontecem. Caiu do céu é o seu trabalho que mais representa isso, e apesar de um cinema otimista e que nos dá mensagens positivas após assisti-lo, Danny Boyle ainda não tinha me convencido como um BOM diretor. Mesmo depois do cultuado Trainspotting (1996) e o super-valorizado e Oscarizado Quem quer ser um milionário? (2008), ele ainda não demonstrava ser tudo o que a crítica especializada americana, principalmente, dizia. Pelo menos pra mim. Mas depois de 127 horas, tudo parece ficar mais claro o que sempre foi mesmo esse filme não sendo sua obra-prima máxima. Não tenho mais nenhuma dúvida do potencial desse diretor britânico que deu certo em Hollywood sendo cool na década de 90, assim como Tarantino. Mas, é claro, o cinema deles são bem diferentes, pra não perder o costume de comparações. Boyle, ao adaptar para o cinema a história real de um episódio da vida do aventureiro Aron Ralston mostra toda a sua habilidade em dramatizar cenas explicitamente cruéis e nos fazer sentir os problemas do personagem principal, Aron, nesse que considero ser o Onde os fracos não têm vez do diretor. E isso não é pouca coisa!

Na história real, Aron faz uma viagem de aventura e detalhe, sem avisar ninguém, para o "Blue John Canyon", onde se praticam esportes super radicais. Tudo ia muito bem, desbravando o lugar, e de repente em um momento de descuido e que ele achará que foi o destino, Aron Ralston fica preso por uma pedra no meio de rochas de milhares de anos. Sem ajuda, sem perspectivas, e com muita vontade de viver. Danny Boyle recria essa história com realismo extremo, e que chocou o Festival de cinema de Londres quando foi exibido lá no dia 28 de outubro de 2010. Sinceramente, o filme choca não só com seu clima tenso e psicológico, mas também pela genial e frenética edição do longa e a fotografia que é capturado, com planos longos e abertos mostrando através de ângulos panorâmicos a região belíssima onde a tal desgraça está ocorrendo. E James Franco... Bom eu odeio dizer que algum ator ou tal atriz está em seu papel da carreira, porque Heath Ledger entregou seu desesperado cowboy em Brokeback mountain, e logo depois seu perturbador e brilhante Coringa em O cavaleiro das trevas. Mas não adianta, 127 horas tem mesmo seu principal primor no seu elenco de um homem só. James Franco faz tudo o que pode para nos demonstrar o sofrimento e a ambição pela vida que movem seu personagem, e graças a uma direção segura e ao seu talento, claro, James Franco nunca perde o fio da meada, até mesmo em cenas violentas de mutilação (Os mais sensíveis vão se surpreender porque é impossível não se imaginar na situação dele)!

Histórias baseadas em fatos reais são um poço de clichês porque o cotidiano é assim, e uma história verídica com um só acontecimento pode ser chata e cair na pieguice do público logo na primeira meia-hora, aliás, quase não há trocas de cenários ou mudanças de ritmo. Mas o filme surpreende por não ter sentimentalismo barato, e Boyle usa os clichês e o previsível do que está “narrando” na tela pro próprio bem, pois realmente não haveria outro caminho ou poderia até distorcer a história real, um desastre! A sinopse já entrega tudo o que vem pela frente, portanto não há muita a se esperar além do argumento e mais algumas reviravoltas. E apesar de contar com a ajuda de flashbacks e uma gostosa trilha sonora do antigo parceiro A.R. Rahman, o diretor ainda aproveita e nos conta uma história previsível e linda, e pode convencer por trás das câmeras do mesmo jeito que James Franco, como astro principal, ou seja, diretor e ator em perfeita sintonia! O público percebe quando isso acontece, e pobres são os diretos que ignoram isso. Boyle e Franco nos obrigam a nos envolver, de uma forma ou outra com o (único) acontecimento, nos fazem identificar, nos humaniza! E toda a essência do filme se traduz na belíssima canção “If I rise” que pode ajudar a amenizar e trazer paz aos mais politicamente corretos que assistem. Mas quem pode saber com precisão das intenções finais de um diretor com sua obra? Não importa, em 127 horas Danny Boyle convence mesmo quem ainda subestimava o seu cinema, fazendo cair por terra essas dúvidas! Não vou fazer trocadilhos sobre isso...

NOTA: 9/10




Estréia no Brasil: 18 de fevereiro de 2011

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