George VI (Colin Firth), conhecido como Berty, assume, a contragosto, o trono de rei da Inglaterra quando seu irmão, Edward (Guy Pearce), abdica do posto em 1936. Despreparado, principalmente por sua forte gagueira infernal, o novo inseguro rei pede o auxílio de um especialista em discursos, Lionel Logue (Geoffrey Rush), para superar seu nervosismo e gagueira. Nós passamos o filme inteiro torcendo pelo o que os personagens tanto lutam, contra eles mesmos, devido às fortes atuações e aos diálogos embalados. O Discurso do rei, junto de O vencedor, tem a melhor atuação coletiva do ano e isso fica claro em cada ato registrado por sua esplêndida fotografia à moda antiga. Destaque para Helena Bonham Carter, aqui sendo a esposa destemida do rei George VI. Um elenco de se reverenciar!
A trilha sonora de Alexandre Desplat é presente em boa parte do filme, elevando o nível e trazendo a tona o clima de realeza necessário, já estabelecido pela fantástica direção de arte e figurinos da produção. O roteiro de David Seidler também é nitidamente precioso, com tiradas geniais para os personagens e atos quase episódicos que preservam o bom e velho tempo necessário para relatar tudo, sem apressar ou subestimar a nossa inteligência. Em partes, tudo cortesia da realmente ótima direção de Tom Hooper, seguro no que faz e quase imparcial quanto ao que acontece. O filme tem o humor revelado em algumas situações quase hilárias resvalando o ridículo, e consegue ser muito tenso quando quer. Há um forte fundo político aqui, como quando o rei é obrigado a fazer seu discurso mesmo sendo extremamente gago, ou haverá uma guerra declarada. O rei fará seu pronunciamento, ou vai se deixar vencer pelo medo da derrota? E o mais importante, o que nós o público podemos aprender com isso?
Ontem, exatamente ontem dia 25 de janeiro, Hollywood divulgou seus indicados ao Oscar. O discurso do rei recebeu 12 indicações, o recorde da premiação em 2011, e A rede social, o franco favorito aos prêmios máximos, 8 indicações. Talvez esteja na hora de premiar um filme humano, sobre dilemas tão comuns a todos nós, e não se precipitar em premiar filmes frios e com diálogos igualmente geniais. Há ainda pelo menos filmes feitos com a alma e o coração, hoje em dia. Basta nós abrirmos os nossos, e perceber. Deus salve o rei, e o bom gosto!
NOTA: 10/10
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